terça-feira, 2 de abril de 2013

O EU VIRTUAL


É fato que os sistemas de rede sociais estão mudando nossas vidas. A interação que há na divulgação de produtos, ideias, opiniões entre os associados contagia como uma infecção os perfis que antes, um simples espaço de colaboração íntima, se tornou o porta-voz de nossas crenças.

Lembram-se do Orkut? Pois é, mesmo não sendo a primeira rede social a criar o nosso “eu virtual”, fora este website que deflagrou em nosso país a mania de estarmos presentes uns nas vidas dos outros. Há princípio, até mesmo para fazer parte de tais redes sociais nos era dificultado, com convites e bloqueios além do necessário. Depois, foi a timidez daqueles que viam suas vidas virtuais invadidas por pessoas nunca vistas antes, marcando mais uma etapa de emancipação desta ideia. Aqueles que tentavam fugir da falsa regra de conduta eram retaliados com a exclusão e bloqueio de seus perfis.

Então veio o twitter, Facebook  e tantas outras, contagiando a todos com esta nova tendência comportamental. Muitos especialistas, formadores de opinião e escepticos  taxavam tal tendência de forma irônica e curta, achando que a timidez e o medo tomariam conta de nossos perfis e voltaríamos a reclusão digital. Mas não é isso o que acontece na realidade. Hoje, compartilhamos cada momento de nossas vidas com pessoas praticamente estranhas, ou conhecidas em breves momentos de realidade. Sabemos onde encontrá-las a maioria das vezes, mas não é o estado físico que realmente procuramos nos aproximar, mas de suas personalidades alternativas e reais, que geralmente reprimida na vida material, criaram estes pseudo-eus que vagam pela repressão e intolerância da vida física.

Não deixamos de gostar de estar presentes no local, mas acabamos nos aproximando mais facilmente daqueles que geralmente compartilham de certos interesses que nós julgamos importante em nossas vidas.

Digo isso pois todos nós precisamos viver em sociedade. Exclusão do mundo e privação de contato, não condiz com a realidade social do ser humano. Necessitamos do contato pessoal, de pessoas que nos mostram que podemos fazer a diferença no mundo delas, mas com estas personalidades alternativas que criamos no mundo real para que possamos ser aceitos em uma sociedade hipócrita e esquecida de suas raízes, fica quase impossível saber, de primeira mão, se as pessoas que conhecemos frente a frente, são o que elas dizem ser.

Pois é, há pouquíssimo tempo atrás, criávamos perfis falsos, perfis realmente alternativos à realidade, pois somente assim éramos aceitos, éramos respeitados, e mantínhamos a ilusão de segurança. Hoje, a tendência está passando a ser outra. Ser real, falar aquilo que pensamos, na hora que estamos pensando e achar pessoas que compartilham de nossos desejos, de nossas conquistas, de nossas tristezas antes mesmo de conhecê-las fisicamente é a direção comportamental que a redes sociais estão moldando o novo valor humano.

Até mesmo o sistema capitalista exagerado e sem controle, está mudando dentro destas redes sociais. Hoje, estamos aprendendo a prestar menos atenção em propagandas de jornais, comerciais de Tv ou Spams em nossos e-mails. Se precisarmos de algo, perguntamos online aos nossos amigos virtuais e opiniões diferentes nos darão o rumo a ser seguido, a ser tentado.

Não adianta tentar se esconder deste avanço social, não tente negar e reprimir tal tendência, pois ela veio para ficar. Veio para mudar nossas vidas por completo.

Mas como bloquear pessoas que não compartilham de nossa visão? Como afastar pessoas indesejadas com tantas informações disponíveis sobre nós na internet? Na minha singela opinião, é perda de tempo. É esforço não recompensado.

Aprenda a entender que o seu comportamento, suas palavras, suas crenças, sempre irão aproximar pessoas
que se comparam a você ou que idealizam uma vida para elas igual a sua. Inveja é geralmente a palavra usada, sendo de fato algo de conotação bem ruim, mas no fundo, não é a busca da felicidade que todos nós procuramos? E se estes seres indesejados acharem que se tivessem uma vida parecida com a sua eles seriam felizes, não seria um pouco egoísta de nossa parte afastar tais pessoas?

Serei mais específico ainda, sendo o ser humano um animal sociável, como podemos desejar que pessoas se afastassem de nós se a nossas vidas e a continuidade de nossa espécie é diretamente conectada a vida alheia?

Estamos criando inconscientemente, uma nova forma de sociedade, talvez por necessidade de sobrevivência, mas independente do motivo, a distância entre os indivíduos do mundo, está diminuindo.

Respeito ao espaço alheio foi, é e sempre será um fator de equilíbrio comportamental, mas não podemos mais fechar os olhos para a necessidade que criamos de fazermos parte de mais vidas do que atualmente fazemos. E ainda, se podemos usar as ferramentas de rede sociais para peneirar as pessoas que realmente possam nos acrescentar algo que achamos de valor para nossas vidas, porque então negar a possibilidade de conhecer outras pessoas?

A simples verdade é que sempre iremos necessitar uns dos outros para sobreviver, mas agora, temos uma maneira de diminuir o risco de aproximação real, usando o mundo virtual para nos conectar àqueles que gostaríamos ao nosso lado.

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