É fato que os sistemas de rede sociais
estão mudando nossas vidas. A interação que há na divulgação de
produtos, ideias, opiniões entre os associados contagia como uma
infecção os perfis que antes, um simples espaço de colaboração
íntima, se tornou o porta-voz de nossas crenças.
Lembram-se do Orkut? Pois é, mesmo não
sendo a primeira rede social a criar o nosso “eu virtual”, fora
este website que deflagrou em nosso país a mania de estarmos
presentes uns nas vidas dos outros. Há princípio, até mesmo para
fazer parte de tais redes sociais nos era dificultado, com convites e
bloqueios além do necessário. Depois, foi a timidez daqueles que
viam suas vidas virtuais invadidas por pessoas nunca vistas antes,
marcando mais uma etapa de emancipação desta ideia. Aqueles que
tentavam fugir da falsa regra de conduta eram retaliados com a
exclusão e bloqueio de seus perfis.
Então veio o twitter, Facebook e
tantas outras, contagiando a todos com esta nova tendência
comportamental. Muitos especialistas, formadores de opinião e escepticos taxavam tal tendência de forma irônica e curta,
achando que a timidez e o medo tomariam conta de nossos perfis e
voltaríamos a reclusão digital. Mas não é isso o que acontece na
realidade. Hoje, compartilhamos cada momento de nossas vidas com
pessoas praticamente estranhas, ou conhecidas em breves momentos de
realidade. Sabemos onde encontrá-las a maioria das vezes, mas não é
o estado físico que realmente procuramos nos aproximar, mas de suas
personalidades alternativas e reais, que geralmente reprimida na
vida material, criaram estes pseudo-eus que vagam pela repressão e
intolerância da vida física.
Não deixamos de gostar de estar
presentes no local, mas acabamos nos aproximando mais facilmente
daqueles que geralmente compartilham de certos interesses que nós
julgamos importante em nossas vidas.
Digo isso pois todos nós precisamos
viver em sociedade. Exclusão do mundo e privação de contato, não
condiz com a realidade social do ser humano. Necessitamos do contato
pessoal, de pessoas que nos mostram que podemos fazer a diferença no
mundo delas, mas com estas personalidades alternativas que criamos no
mundo real para que possamos ser aceitos em uma sociedade hipócrita
e esquecida de suas raízes, fica quase impossível saber, de
primeira mão, se as pessoas que conhecemos frente a frente, são o
que elas dizem ser.
Pois é, há pouquíssimo tempo atrás,
criávamos perfis falsos, perfis realmente alternativos à realidade,
pois somente assim éramos aceitos, éramos respeitados, e
mantínhamos a ilusão de segurança. Hoje, a tendência está
passando a ser outra. Ser real, falar aquilo que pensamos, na hora
que estamos pensando e achar pessoas que compartilham de nossos
desejos, de nossas conquistas, de nossas tristezas antes mesmo de
conhecê-las fisicamente é a direção comportamental que a redes
sociais estão moldando o novo valor humano.
Até mesmo o sistema capitalista
exagerado e sem controle, está mudando dentro destas redes sociais.
Hoje, estamos aprendendo a prestar menos atenção em propagandas de
jornais, comerciais de Tv ou Spams em nossos e-mails. Se precisarmos
de algo, perguntamos online aos nossos amigos virtuais e opiniões
diferentes nos darão o rumo a ser seguido, a ser tentado.
Não adianta tentar se esconder deste
avanço social, não tente negar e reprimir tal tendência, pois ela
veio para ficar. Veio para mudar nossas vidas por completo.
Mas como bloquear pessoas que não
compartilham de nossa visão? Como afastar pessoas indesejadas com
tantas informações disponíveis sobre nós na internet? Na minha
singela opinião, é perda de tempo. É esforço não recompensado.
Aprenda a entender que o seu
comportamento, suas palavras, suas crenças, sempre irão aproximar
pessoas
que se comparam a você ou que idealizam uma vida para elas
igual a sua. Inveja é geralmente a palavra usada, sendo de fato algo
de conotação bem ruim, mas no fundo, não é a busca da felicidade
que todos nós procuramos? E se estes seres indesejados acharem que
se tivessem uma vida parecida com a sua eles seriam felizes, não
seria um pouco egoísta de nossa parte afastar tais pessoas?
Serei mais específico ainda, sendo o
ser humano um animal sociável, como podemos desejar que pessoas se
afastassem de nós se a nossas vidas e a continuidade de nossa
espécie é diretamente conectada a vida alheia?
Estamos criando inconscientemente, uma
nova forma de sociedade, talvez por necessidade de sobrevivência,
mas independente do motivo, a distância entre os indivíduos do
mundo, está diminuindo.
Respeito ao espaço alheio foi, é e
sempre será um fator de equilíbrio comportamental, mas não podemos
mais fechar os olhos para a necessidade que criamos de fazermos parte
de mais vidas do que atualmente fazemos. E ainda, se podemos usar as
ferramentas de rede sociais para peneirar as pessoas que realmente
possam nos acrescentar algo que achamos de valor para nossas vidas,
porque então negar a possibilidade de conhecer outras pessoas?
A simples verdade é que sempre iremos
necessitar uns dos outros para sobreviver, mas agora, temos uma
maneira de diminuir o risco de aproximação real, usando o mundo
virtual para nos conectar àqueles que gostaríamos ao nosso lado.
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