quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ciclo da Vida

É interessante pensar como passamos as nossas vidas. Os valores que interpretamos ao longo de nossas jornadas, são tão enigmáticos e incoerentes, que ao final da equação, viver foi em vão.

Nascemos em berços modestos. Cada um de uma maneira diferente. Mas todos nós, no mesmo ambiente, na mesma realidade.

No minuto que acordamos para a vida fora do útero, o bombardeio de informações dúbias, já nos é atirado. A pressão não dá trégua desde o primeiro dia de vida, com o filho da puta do médico, metendo um tapa na sua bunda para obrigá-lo a chorar. E por aí vai.

Após a tarjeta de apresentação ser preenchida pelos pais, passamos a ter um nome para responder a maldita sorte de estarmos vivos. Maldita sorte sim, pois temos que pagar por tudo para todos, e viver o resto das nossas vidas assim, alugando o espaço que não escolhemos preencher. É imposto para isso, dinheiro para aquilo, se você não paga no começo, os seus pais estão pagando pela cagada de tê-los colocado nesta vida. O milagre saiu pela culatra, basicamente.

Bom, o pagamento por ter nascido esta rolando e o tempo passando, e ai vem a escola. Entramos na aula já aprendendo a temer as notas, o julgamento no final do mês. E a pressão aumenta! Escapamos daqui e ali, fazemos peripécias para sorrirmos. Para nos sentirmos vivos. Para compreender este lado que pressiona a vida, sem termos escolhido estar vivos. O tempo passa e as notas voam, e então, chega a pressão do relacionamento.

O corpo sente tesão, então o homem e a mulher tem que se aproximar. Faz parte da fisiologia, é natural, mas aí que as coisas complicam, pois agora, algum outro safado e condenado, inventou que eu tenho melhores chances de achar o meu par, se algo valioso eu possuir. Podemos negar, podemos desmentir, mas no final o jogo é atrair o sexo oposto. E assim criamos os valores da posse para aumentar as chances da conquista. Neste exato instante que conectamos o SEXO com a POSSE, o subconsciente começa a trabalhar pesado em busca da satisfação. Sabemos agora o que nos dá prazer e sabemos também como comprar o melhor prazer. E corremos a vida a agregar, a acumular, e consequentemente, a sofrer.

A ilusão criada que se perpetua pela própria necessidade intrínseca do corpo, lhe torna um obcecado pela conquista. Objetivado para o poder. Afinal, mais poder, mais prazer.

Agora, com o tempo que passou, adultos no tornamos. Mais leis nos são colocadas com orientação implícita dos desejos que nos fora bombardeados na nossa juventude. Moral e ética foram introduzidos para apaziguar os nossos demônios e, dia sim, e outro também, desafiados a serem quebrados para dominarmos estes desejos enlatados.

Se você não tenta quebrar a regra, você não vencerá nunca, pois o sistema foi criado para nunca alcançarmos o que buscamos, pois o que buscamos, NÃO EXISTE em primeiro lugar.

É então, nesta vida louca que o SIMPLES passa a ser utopia. Pessoas imaginam como é viver sem estas loucuras que nos são forçadas no dia a dia. Com estas parafernálias que não servem para nada. Tudo é necessário, mas nada presta, nada enche, nada agrada. O sexo que antes era prioridade, vem com tanta responsabilidade que só a posse, passa a ser encarada. Pessoas, agora, são só detalhes.

E continuamos envelhecendo, vivendo tentando ter. Tentando ser. Tentando algo que nos dê real prazer. Querer alguém, é claro que queremos, mas se tudo é tão complicado e tão caro, e se tudo acaba em valores, melhor viver só, assim a conta fica menor.

E agora? E depois? Como ficarão as coisas? Devemos nos preocupar em mudar, ser diferentes do que é normal? Se tentarmos, poderemos ficar para trás, contra a maré dos zumbis racionais. Sei lá. O jeito é viver e aprender, jogar pra frente alguma lambança.

Pois é, depois dessa loucura de meia vida passada, a outra metade não parece promissora, mas seremos justos... alguns momentos nos fazem brilhar e nos fazem flutuar de tanta alegria. Talvez seja este o motivo para as tantas dificuldades, talvez seja esta a forma de apreciarmos pequenos detalhes de uma vida sofrida. Pensar assim também não dói, e até alivia as vezes. Quem sabe amanhã será um dia feliz para nos fazer sorrir?

Envelhecendo mais e mais, passamos a outra metade da vida, e agora tentando inverter a nossa realidade. Tapar os buracos dos erros passados, simplificando até o momento da ingenuidade, da brincadeira de criança, da puberdade. E quando a velhice chega finalmente, não ligamos mais para nada, e a vida passada passa a ser uma história mal contada, com ênfase nas vírgulas, porque a história é chata e ultrapassada.

E, ao final, morremos sem nada, da mesma maneira que viemos, como um ciclo que não acaba.

Foda isso, não? Deixe sua opinião...